#6 sozinha, mas não só
Olar!
Tá tudo muito pesado por aí também? quem sabe a gente dá um tempo pra nós, só por uns minutinhos? Eu te acompanho: eu daqui e você daí, talvez com sua xícara de café.
Posso te fazer companhia?
👩💻 Estuda/desenha/produz comigo
Eu não sou tão velha, mas posso dizer que comecei nesse mundo de internet há um tempinho. Lá no início dos anos 2000 fiz meu primeiro e-mail e também brincava de criar minhas páginas e blogs. E foi assim que aprendi HTML e mais uma porção de coisinhas que uso até hoje.
Saudade dos monitor de tubo, né minha filha? (na realidade não muito)
Daquela época também carreguei por muito tempo alguns costumes e certa resistência na forma de consumir conteúdo. Receita em vídeo? Não obrigada, me escreve um textinho, põe umas fotos e tá show. Tutorial? Também só se for escrito, por favor.
Nisso alguns conteúdos demoraram pra crescer em mim. Enquanto algumas gerações logo depois de mim cresceram assistindo ao Youtube, eu não guardava desenvolvi essa relação afetiva.
(Breve parênteses: esses dias inclusive tava rolando essa thread de “um desses fez parte da sua infância” e lá tinha diversas fotos de youtubers e eu me senti confusa, é assim que você se sente, mãe?)
Até que chegou 2020.
Não sei se foi especificamente pelo isolamento, ou se esse também foi um fator que contribuiu, mas em 2020 caiu a ficha pra mim dos conteúdos de vídeo. Ou eu que achei meu nicho por lá.
(E outro breve parênteses: tem nicho e público pra tudo lá. Desde canal de prensa hidráulica até o mundo dos nerds de sintetizador. Nada é específico demais.)
Me encontrei na produção audiovisual de outras artistas e ilustradoras. Conheci mais sobre suas trajetórias e acompanhei seus dias através de vlogs, ou elas que me acompanhavam enquanto eu fazia minhas tarefas por aqui.
Enquanto vivia o mesmo dia por diversas vezes, tive a companhia de pessoas que nem sabem da minha existência 🤯
Mas pra além desse conteúdo, o que realmente me deixou intrigada foram os vídeos de “estude comigo”. Explico.
Um dia desses de 2020 esbarrei na recomendação de um vídeo (gravado de uma transmissão ao vivo) de mais de uma hora, câmera fixa em uma mesa, enquadramento apenas mostrando o computador, um café ao lado, um caderno e as mãos rápidas no teclado. A trilha sonora era o looping de um crepitar de fogo. Mais de uma hora disso, sem nenhum outro corte. E tinha milhares de visualizações. Milhares.
O link da recomendação do vídeo eu perdi, mas faz o teste: abre o youtube e busca “study with me” pra ver do que eu estou falando.
É tipo gente como a gente
Ainda que esse tipo de conteúdo tenha surgido pra mim no último ano, ele já está circulando por aí faz algum tempo. Segundo esse artigo do The Verge, de março de 2020, esses vídeos “with me” começaram a aparecer lá por 2007, mas se consolidaram como um gênero próprio por 2010. Ou seja, lá se vão mais de dez anos.
Outro artigo que achei interessante sobre o assunto é esse aqui, do Think With Google, de 2019. Segundo o texto, pesquisas mostraram que esse tipo de conteúdo deixa as pessoas mais confiantes, especialmente por ver pessoas ~comuns~ desempenhando tarefas, e não apenas profissionais em produções super elaboradas.
Como disse antes, pra mim esse é um território novo, mas acredito que no contexto de isolamento social, a possibilidade de construir uma relação, uma comunidade, e compartilhar seu tempo, conhecendo pessoas novas em seus ambientes diversos (sem comprometer nossa segurança, é claro) é algo muito valioso.
A Aline Valek também tratou sobre esses afetos digitais em sua última newsletter e não poderia concordar mais com ela quando diz que “O que fazemos online nos afeta, tem efeitos reais.” Posto assim parece meio óbvio, mas será que por muitas vezes a gente não diminui a importância dessas interações virtuais em nossa vida “real”?
🖼️ Ainda sobre estar sozinha (mas não só)
Nessa semana eu recuperei lá no blog uma série de desenhos que fiz em 2019 e me propus o exercício de pensar e falar sobre o processo: desde o planejamento visual até o conceito e narrativa desenvolvidos nas ilustrações.
E a quem interessar, os cartões formato A5 dessa série estão à venda na loja virtual da Papillon Scrap. ;)
✨ Andorinea indica
As matérias escuras dele
Nessa última semana terminei a trilogia do Fronteiras do Universo do Philip Pullman (ou His Dark Materials no original) e fiquei muito IMPACTADAH. Ainda estou engatinhando de volta ao mundo da leitura de ficção e tô cada vez mais feliz de mergulhar em universos diferentes, perder o fôlego em tramas mirabolantes e ficar PENSATIVAH com histórias que deixam a gente dias e dias pensando. Recomendo essa alienação literária pra você também.
Crie comigo
Mencionei ali em cima que comecei a acompanhar mais canais e produções de ilustradoras e artistas no Youtube. Nada mais justo que compartilhar minhas principais referências no momento.
Pra mim, tudo começou com os vídeos da Frannerd, essa artista chilena que mora em Nova Iorque e compartilha sua rotina no estúdio através de vlogs mensais. Quando me dei conta estava assistindo (e curtindo!) 30 minutos, ou mais, de artistas falando sobre suas vidas e coisas rotineiras.
Também gosto muito da produção de conteúdo da Fefe Torquato, tudo muito bem pensado e executado: aquele combo de bons enquadramentos e iluminação com materiais lindos que tornam a produção toda uma delícia de assistir.
E minha última indicação da vez é o canal da Lila Cruz. Admiro muito o trabalho dela e gosto também da forma espontânea como ela fala, além, é claro, da qualidade de todo seu material.
E também indique pra andorinea
Ah! E quem tiver boas recomendações de ficção científica, manda pra cá! Já estou com alguns livros da Ursula Le Guin na fila e Octavia Butler também está na minha listinha, mas ainda ansiosa pra descobrir outros universos.
Espero que também tenha sido bom pra você compartilhar esses minutos comigo.
Sempre que precisar, estamos aqui ;)
Fiquei bem e, se puder, em casa.
Abraço,